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domingo, 16 de novembro de 2014

Stress, Cortisol e Depressão: nova descoberta

Fonte da imagem: http://corposuplemento.com.br/blog/saude/o-hormonio-cortisol/
Quero publicar aqui, na íntegra, um artigo do Dr Drauzio Varella, publicado  no site http://drauziovarella.com.bre que mostra uma perspectiva diferente sobre a causa da depressão, e que nos dá uma esperança no sentido de se encontrar uma cura mais eficaz e duradoura para este mal que aflige tanta gente em todo o mundo. Estudos recentes têm posto em evidência o papel do stress no desencadeamento das depressões, principalmente nos efeitos da hormona associada, o cortisol.

"Na depressão, o existir é um fardo insuportável. “A tristeza é tanta que acordo pela manhã e não encontro razão para levantar; só saio da cama porque permanecer deitada pode ser pior”, queixou-se uma senhora depois do terceiro episódio da doença. “Na depressão, a vida fica por um triz”, observou ela.
Depressão é a tristeza quando não tem fim, quadro muito diferente do entristecer passageiro ligado aos fatos da vida. É uma doença potencialmente grave que interfere com o sono, com a vontade de comer, com a vida sexual, com o trabalho, e que está associada a altos índices de mortalidade por complicações clínicas ou suicídio É a mais comum de todas as enfermidades psiquiátricas, acomete mais as mulheres e apresenta caráter recidivante: depois do primeiro episódio, a probabilidade de ocorrer outro é de 50%; depois do segundo, sobe para 75%; e, depois do terceiro, para pelo menos 90%.
Se é uma doença psiquiátrica, que alterações acontecem no cérebro das pessoas deprimidas?
Há 40 anos a explicação mais aceita tem sido a de que no cérebro dos deprimidos haveria diminuição da produção de certos neurotransmissores (substâncias que agem na transmissão de sinais entre os neurônios), entre os quais a serotonina provavelmente exerceria papel preponderante.
A ideia de que baixos níveis de serotonina em certas áreas do cérebro seriam a causa da depressão foi reforçada pela demonstração de que o aparecimento de medicamentos capazes de aumentar as concentrações cerebrais desse neurotransmissor (das quais as mais populares são a fluoxetina e a sertralina) beneficiou grande número de pacientes.
Nos últimos dez anos, no entanto, a hipótese dos níveis inadequados de serotonina passou a ser cada vez mais contestada. O principal argumento contrário a ela foi o de que, embora concentrações diminuídas desse neurotransmissor tenham sido detectadas no sistema nervoso central de vítimas de tentativas violentas de suicídio, nunca foi possível demonstrar deficiência de serotonina no cérebro de pacientes deprimidos.
Em edição especial, a revista “Science” traz uma discussão sobre o conjunto de ideias mais aceito atualmente para explicar a depressão: a hipótese do estresse.
Segundo essa hipótese, em resposta aos estímulos agressivos do ambiente, o hipotálamo produz um hormônio (CRF) para convencer a hipófise a mandar ordem para as suprarrenais produzirem cortisol e outros derivados da cortisona.
Diversos trabalhos experimentais mostraram que esses hormônios do estresse (CRF, cortisol e outros) prejudicam a saúde dos neurônios, porque modificam a composição química do meio em que essas células exercem suas funções. A persistência do estresse altera de tal forma a arquitetura dos circuitos neuronais que chega a modificar a própria anatomia cerebral. Por exemplo, provoca redução das dimensões do hipocampo, estrutura envolvida na memória, e área fundamental para a ação das drogas antidepressivas.
Pesquisadores da Universidade de Emery, em Atlanta, demonstraram a existência de períodos críticos na infância em que sofrer violência física, abuso sexual, ausência de cuidados maternos e outros tipos de estresse emocional podem conduzir à hipersecreção de CFR no hipotálamo, com consequente liberação de cortisol pelas suprarrenais, alterações associadas à depressão na vida adulta. Os pesquisadores concluíram que “muitas das alterações neurobioquímicas encontradas na depressão do adulto podem ser explicadas pelo estresse ocorrido em fases precoces da infância”.
De fato, no estudo clínico conduzido em Atlanta, 45% dos adultos com quadros depressivos de pelos menos dois anos de duração haviam sido abusados, negligenciados ou sofrido perda dos pais na infância.
Outro achado importante para definir o papel dos hormônios do estresse foi a demonstração recente de que a injeção de CRF diretamente no cérebro de animais de laboratório induz o aparecimento de quadros típicos de depressão e de distúrbios de ansiedade, sugerindo que depressão e ansiedade tenham mecanismos comuns e possam ser induzidas por fatores semelhantes. Talvez seja essa a justificativa para a maioria das pessoas com depressão na vida adulta referir personalidade hiper-ansiosa na infância e adolescência.
Neurocientistas proeminentes defendem a teoria de que o mecanismo através do qual o estresse induziria depressão estaria ligado ao hipocampo: os hormônios do estresse suprimiriam o nascimento de novos neurônios nessa estrutura crucial para o processamento da memória. Tal suspeita ganhou ímpeto especialmente depois da publicação, meses atrás, de uma descoberta inesperada: depois de duas ou três semanas de tratamento com drogas antidepressivas começam a nascer novos neurônios no hipocampo (neurogênese). Esse achado explicaria também por que, apesar de os antidepressivos elevarem imediatamente os níveis cerebrais de serotonina, sua ação benéfica só se manifesta semanas mais tarde.
O conhecimento da arquitetura dos circuitos cerebrais envolvidos na depressão adquirido nos últimos dez anos provocou uma explosão de ensaios terapêuticos com drogas dotadas de mecanismos de ação muito diferentes das atuais. Estamos no limiar de descobertas que revolucionarão o tratamento dessa enfermidade tão debilitante."

domingo, 21 de setembro de 2014

Sabe quando é altura de tomar um calmante?

Ver fonte da imagem
Resposta lógica à pergunta do título: quando estamos enervados, stressados ou ansiosos. Mas saberemos todos responder à pergunta: sabe quando está enervado, stressado ou ansioso? Esta resposta é mais difícil. Nem todos sabemos responder.

Estes estados manifestam-se de forma diferente de pessoa para pessoa e por vezes conforme a situação. Daí, não haver uma check-list de "sintomas" universalmente aceite que possamos picar afim de concluir se está na altura de tomar medidas para acalmar.
Eis alguns dos "sintomas" que nos levam a pensar que não estamos ansiosos nem stressados:

  • - "Sinto sono" - Nem sempre é um indicativo de que esteja calmo. A ansiedade elevada (ver post Tensão em demasia causa sono) causa sono;
  • - "O que eu tenho são dores de estômago, deve ser qualquer coisa que comi" - Atenção, uma das principais causas dos problemas gastrointestinais é o stress!;
  • - "Estou cansado/a porque tive muito trabalho" - Será?! Quantas vezes você não teve muito mais trabalho e se sentiu muito melhor?;
  • - "Sinto-me fraco/a porque não me tenho alimentado correctamente" - Se bem que a principal causa da fraqueza seja a insuficiente alimentação, por vezes o stress e ansiedade esgotam o corpo produzindo sintomas semelhantes;

Quando um estado ansioso é lento mas progressivo, às vezes nem nos apercebemos que estamos ansiosos. Aquele estado parece-nos normal, quase já nem nos lembramos de como nos sentíamos antes. Daí que muitas vezes não consigamos reconhecer o quanto mal estamos. O mesmo se passa com o stress. 

Conheça melhor o seu corpo. Interrompa a progressão de estados ansiosos e de stress antes que se tornem de tal forma graves que prejudiquem a sua vida e bem estar. Aprenda a reconhecer o momento em que deve tomar medidas para retornar à sua paz.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O síndrome do "Coitadinho"

"Coitado de mim!" é uma frase que se lê nos olhos de muita gente...
Elas estão no centro do universo, avaliando a sua própria situação a partir de ideias pré-concebidas e da assumpção de valores de humildade distorcidos em que ser vítima é desejável. A auto-piedade anula e substitui os instintos normais de fuga à dor (física e psicológica). Mais do que incentivos à libertação, eles preferem ouvir coisas como "Tenho pena de ti", "Coitado!". Provavelmente já se aperceberam das vantagens imediatas: têm mais mimos, mais atenção, mais compreensão. Contudo, não lhes resta muita vontade para mudar a situação. O que preferem ouvir dos outros é aquilo que também preferem ouvir de si próprios. Esta atitude passiva de submissão está provavelmente de acordo com a sua educação e vivências anteriores: os maus acontecimentos da vida sucedem-se, muitas vezes não são evitados ou são inconscientemente provocados; a sensação de que não podem fazer nada por si apodera-se deles e é alimentada pela auto-piedade. 
Estas pessoas não vêm em si próprias a fonte da força para sair da situação em que se encontram. Entram num marasmo psíquico, num ciclo vicioso que as conforta e afasta o medo do desconhecido, ainda que esse desconhecido seja a liberdade.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Diagnóstico das doenças mentais



Pegando na publicação no forúm do Viver com Depressão (ver aqui), relativamente à problemática que a figura ilustra, Julgo haver pelo menos duas variáveis envolvidas: recursos (tempo, dinheiro, conhecimentos, etc...) e ideias pre-concebidas. 

Na visita de uma pessoa a um profissional de saúde mental, há por parte deste último uma ideia já tomada da direcção que o diagnóstico tomará, ou seja, este pressupõe à partida que se o paciente o consulta É porque sofre de patologia do foro mental. Além do mais, não é necessário muito esforço para conseguir enquadrar alguns aspectos do comportamento humano ou dos seus sentimentos em alguma doença deste foro, ainda que na sua forma mais ligeira. Estes factos predispõem o terapeuta a sobrevalorizar e direccionar a sua análise para a busca de sintomas psicológicos ou neurológicos.
Com esta perspectiva, depara-se com a componente "recursos". Por exemplo, o tempo médio para uma consulta de psicologia ronda os 50 minutos no máximo, mas psiquiatria e neurologia, já é com sorte que se consiga estar no consultório 30 minutos. Partindo do princípio que paciente e médico não se conhecem, parece-me extremamente pouco para conseguir fazer um diagnóstico adequado. Como tempo é dinheiro, e principalmente quando ele não abunda, por vezes as visitas acontecem com intervalos extremamente longos.

Se a direcção do diagnóstico já estava tomada como expliquei atrás, é imperativo por parte do médico tomar uma decisão quanto ao diagnóstico preciso, ou seja, qual a doença específica de que supostamente o paciente padece. Para tal baseia-se na descrição oral do doente e na análise do seu comportamento no consultório.
De facto, esta prática comum parece demasiado limitativa, ao não avaliar a pessoa no seu todo mas apenas na sua componente mental. Muitos sintomas são comuns em doenças mentais e físicas, como por exemplo a dor no peito. Ao ignorar (na medida em que não se direcciona a atenção para tal) a parte física, corre-se o risco de fazer um diagnóstico errado. Na medida em que o diagnóstico de uma enfermidade física se baseia em factos objectivos e passíveis de comprovar através de exames e outros métodos complementares, parece-me que fará sentido que se descartem primeiro qualquer hipótese de se tratar de um problema físico, antes de começar a entrar no foro mental.
Não são todos os profissionais que agem assim, contudo muitos há que agem conforme o descrito acima. O que é lamentável.



Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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