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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Porque ajo de forma auto-destrutiva quando quero ter sucesso?

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Procuro perceber a toda a hora quais são os gatilhos que desencadeiam certas emoções que conduzem à destruição, como a vontade de gritar com as pessoas por tudo e por nada, de desistir de qualquer empreendimento que tenho em mãos, ou a simples inação pertante tarefas que certamente aumentariam a minha produtividade e bem estar. O que é que está por trás e os suas consequências, mas também o que faz com que o que essas consequências se manifestem é o que preciso urgentemente entender para travar este tipo de comportamentos destrutivos e começar um ciclo em que sou eu que controlo conscientemente as minhas acções. 
Às vezes penso que o problema está na minha incompetência em lidar com os resultados de certas acções positivas. Ou poderá ser que determinados gatilhos me façam reviver algo muito negativo que está recalcado no inconsciente e me causou um sofrimento muito muito grande. E perante essa emoção causada por esse reviver, a ansiedade, o desânimo, a impaciência, a raiva, o mau humor, etc.. tomam conta de mim como consequência. Então há aqui uma emoção desconhecida mas de singular importância (e gravidade): a amoção "reviver". Não sei se existe algum nome científico para ela, eu vou-lhe chamar assim.  
Será isto que me faz agir da forma que ajo? Será que ajo assim como forma de sabotar o meu próprio sucesso? Eu cheguei à conclusão que as duas coisas estão relacionadas. Mas estou a tentar perceber como. É como se aquele "reviver" inconscientemente me tirasse toda a vontade de ter sucesso, talvez porque é essa a emoção associada ao que "está por trás", trancada no inconsciente, e que o gatilho faz reviver. 
É importante perceber isto. É um passo gigante na conquista do auto-controlo e no combate à frustração. É imperativo perceber como este processo funciona quais os gatilhos. Tenho a certeza que quando o conseguir, será muito mais fácil controlar-me e conseguir fazer o que o meu consciente me diz para fazer, independentemente de conseguir ou não decifrar o que está recalcado no inconsciente e que me faz agir de forma negativa. Se calhar, até seu o que lá está. Mas se o diagnóstico é importante, não serve para nada sem um procedimento que leve à cura.

sábado, 2 de maio de 2020

Como o inconsciente encara a Pandemia?

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Neste contexto inédito para a maioria de nós, é imperioso o auto-controlo, a todos os níveis, começando pelo emocional, pois com este descontrolado tudo o mais descamba. Muito se tem falado de que ter ansiedade, sentir-se inseguro, é normal. Mas para aqueles que viviam antes estes problemas, para os quais os mesmos começaram muito antes de o novo coronavirús ser um problema, certamente os níveis do "normal" não se adequam.
Primeiro, há que perceber de onde vem a ansiedade e insegurança que os afligia. Existe algo que as desencadeia e, uma vez que vive no subconsciente, provavelmente em contradição com o consciente, não se conseguem controlar. A adição de um novo problema pode não ser prejudicial. Pode ser encarado com o um desafio, pode ser visto como uma "esperança" para curar os problemas anteriores.
Quem sofre anseia por um mágico, um milagre, que os retire desse sofrimento. E esta pandemia, este isolamento forçado, pode ser esse mágico! Vai haver uma mudança de certeza. Pode ser a nível profissional, familiar, financeiro, de saúde, mas vai haver. O desejo de mudança está prestes a ser cumprido.
Vou dar um exemplo concreto: Se o que está a causar ansiedade é o autoritarismo vivido em criança no ambiente familiar, atualmente poderá ser desencadeada pelo ambiente profissional, em que o patrão representa o pai. Mas como o salário é bom e até se gosta da profissão, o consciente não ve o patrão como causa de mal algum. E não é, é a associação que o inconciente faz relativamente a situações não resolvidas do passado.
Mas como pode a pandemia potencialmente curar este sofrimento? Uma das mudanças imediatas que introduz poderá ser o isolamento forçado e consequente afastamento do local de trabalho e do patrão. A longo prazo, poderá significar perda do emprego. Será um alívio a curto prazo. Quanto a perda do emprego, que implicaria passar necessidades, quando comparados com o sofrimento actual, poderá apenas resumir-se numa palavra: liberdade. Qualquer coisa que liberte esta pessoa daquilo que a faz sofrer atualmente será bem vindo. Quanto ao sofrimento futuro, além de incerto, é algo para se preocupar na devida altura. Aliviado deste, certamente se encontrará em melhores condições de lidar com o futuro. Este exemplo aplica-se a uma imensidão de casos.
Tudo é muito mais complexo, cada pessoa é um mundo e este tema daria para uma tese de doutoramento.
O importante neste post é que qualquer coisa que consigamos compreender é um passo para nos libertarmos do sofrimento e que n
em sempre o mal que nos atinge tem efeitos nefastos para a nossa felicidade.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Efeitos das benzodiazepinas a longo prazo

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Um dos medicamentos mais  úteis para quem sofre com transtornos mentais é sem dúvida as benzodiazepinas (BZD). 

Cientificamente falando, estes pertencem à  classe de fármacos psicotrópicos e à classe farmacêutica dos ansiolíticos. A sua estrutura química é a fusão de um anel de benzeno com um anel de diazepina. Estão aqui incluídos medicamentos como Valium, Lorazepan, Lexotan, etc. Os seus efeitos a curto prazo no controlo da ansiedade são bem conhecidos de todos. Contudo os efeitos a longo prazo, são controversos. 

Um dos riscos do uso prolongado é a dependência física e psicológica,associado à diminuição gradual da sua eficácia. Mas há outros. Por exemplo, os BZD reduzem significativamente a nossa capacidade de memorizar novas informações, daí que o seu uso prolongado interfere nos nossos processos cognitivos, dificultando a concentração, a capacidade de resolver problemas, relacionar ideias e deduzir informação (fonte). Muitas vezes o uso prolongado faz aparecer sintomas opostos ao desejado (efeitos paradoxais), como aumento da ansiedade, depressão, irritabilidade, despersonalização, psicoses, pesadelos entre outros. Ou seja, aquilo que é suposto combater, e que resulta bem a curto prazo.

Ultimamente têm sido feitos muitos estudos que revelam algo ainda mais assustador: A longo prazo, pessoas de idade mais avançada, podem desenvolver precocemente algumas formas de demência. Foi publicada em  2014 no British Medical Journal" uma pesquisa que relaciona o uso frequente e prolongado destas substâncias em idosos com um risco até 51% maior de desenvolver a doença de Alzheimer, uma das principais formas de demência e que afecta cerca de 36 milhões de pessoas. Apesar de não estar comprovado que existe causa directa, o estudo vem reforçar a suspeita que existia anteriormente da associação entre o remédio e a doença.

Apesar das suspeitas que existem à muito tempo, a verdade é que os terapeutas receitam benzodiazepinas por tudo e por nada. E o pior, é que isto é assim desde à décadas, estando agora os efeitos a fazer-se sentir em alguns indivíduos, sem forma de voltar atrás. Na esmagadora maioria das vezes, o paciente não é informado das consequências dos medicamentos que toma, muitas vezes até desconhece o quê exactamente é que está a tomar. Quem é que ouviu dizer do seu médico "não tome BDZ por muito tempo porque isso tem implicações a longo prazo na memória"?
Muito cuidado com estas "drogas legais", e converse com o seu médico sobre isto, quando tomar um medicamento, tome-o esclarecido!




domingo, 8 de outubro de 2017

Quando a vida é uma Montanha Russa

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Imagine que vivia numa montanha russa. Todos os dias, quando a feira abria, começava a funcionar e lá você ia para cima e para baixo, umas vezes lentamente outras a velocidades vertiginosas. Passado algum tempo, a roda parava, os passageiros saiam e entravam outros e começava tudo de novo. Durante esse curto espaço de tempo, você fechava os olhos e tentava recompor-se, antes que a próxima volta começasse. No final do dia, quando a feira fechasse, você podia finalmente relaxar. Mas estava tão cansada, tão esgotada, que a única coisa que conseguia fazer era dormir, e por vezes dormir em sobressalto pois sabia que no dia seguinte tudo recomeçaria de novo. 

Isto é-lhe familiar? É que por vezes é assim que vivemos a nossa vida. Sem estabilidade, num contínuo stress, num constante sobe e desce de emoções. A palavra certa é "Esgotante". É esgotante viver assim. Você não consegue fazer nada da sua vida, entra em depressão, só quer que a roda pare e sair da feira para uma ilha deserta. A certa altura é só nisto que você pensa o tempo todo. O cansaço tira-lhe a vontade de tudo. Você não vive, sobrevive. 

O que é que você pode fazer? Atirar-se da montanha russa? Tomar comprimidos para dormir para não sentir nada? Gritar até que alguém ouça e lhe dê atenção? Parece que é óbvio aquilo que é certo você fazer: quando a roda parar, desça, com os restantes passageiros. Ah, é assim tão simples? Então e o cinto de segurança que a prende à cadeira? O fecho está enferrujado pois já não é usado à tanto tempo e não se consegue abrir.

Na nossa vida passa-se exactamente o mesmo. Todos nos dizem: "Sai dessa vida!", mas ninguém sabe que não conseguimos abrir o fecho do cinto de segurança que nos prende à mesma. 8

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Quando cai o véu... e a depressão

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Somos hoje as mesmas pessoas que fomos ontem; somos as mesmas pessoas antes, durante e depois de uma depressão. Então porque razão nos sentimos tão diferentes quando estamos deprimidos? A razão é que durante essas alturas não somos verdadeiramente nós. A nossa visão do mundo está deturpada, a nossa atenção está focada em nós de forma patologicamente intensa. Parece que o mundo nos está a cair em cima, sentimos-nos ansiosos, com medo, irritados. Temos a sensação de sermos a pessoa mais desgraçada deste mundo. Mas porque é que nos sentimos assim nestas alturas?

Seja porque razão for, é como se tivesse caído o véu que afasta o nosso eu da atenção de si mesmo. Atenção exagerada, porque se for com medida é positiva. Quem não se sente deprimido sente um certo afastamento em relação à forma como vê o seu corpo a a sua vida em geral. Não quero dizer que se alheia ou não quer saber, mas sim que olha para estes como se olhasse para outra pessoa, que neste caso é o próprio. A partir do momento em que deixamos de o fazer, afastamos-nos do mundo e dos outros de tal forma que passamos a ser o único foco de atenção. Nada mais interessa, por isso tudo dói. Até viver dói. Porque o ser humano foi feito para olhar para si próprio como se estivesse a olhar para o outro. 

Alguns aspectos do nosso íntimo estão escondidos atrás de um véu, deixando ver apenas os seus contornos. Seria insuportável ver claramente, não saberíamos lidar com isso. Por isso, quando este véu cai, a dor torna-se insuportável. 

É isto a depressão. Quando cai o véu.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Transtorno da Ansiedade Generalizada - Efeito Bola de Neve

Fonte da imagem: http://canal.bufalo.info/2014/12/
investimentos-bufalescos-segurem-essa-bola-de-neve/
A ansiedade é normal até certos níveis. Passa a ser patológica quando começa a causar sofrimento. No entanto, se se caracteriza por uma tensão excessiva, um nervosismo crónico e preocupação excessiva, não podendo ser associada a uma situação ou objecto específico, apresentando-se de forma difusa, com um constante e indescritível sentimento de medo, apreensão e inquietação, estamos perante um Transtorno da Ansiedade Generalizada. 

Um dos problemas deste transtorno - além do sofrimento que causa só por si - é o efeito "bola de neve". Ou seja: a ansiedade generalizada gera um estado de vigília constante, ou seja, passa-se a estar demasiado atento a tudo o que se relacione com a nossa sobrevivência física ou a outros factores cujo desequilíbrio falha associamos a catástrofe um sofrimento insuportável, como o caso das relações, do emprego, etc.. Este estado de vigília e tensão permanente faz com que os pensamentos e preocupações relacionadas não saiam da nossa cabeça, eles aparecem como intrusos, independentes da nossa vontade. É impossível desligar a ficha, impedindo-nos de nos concentrar em outras coisas, de nos distrairmos e de relaxarmos.

Num estado assim, os músculos ficam tensos e rígidos, aparecem algumas dores no corpo, problemas gastrointestinais e náuseas e perturbações do sono (quem consegue dormir bem em estado de vigília constante!?... Se não dormirmos, se nunca nos sentimos relaxados, o que acontece é que nos iremos sentir cada vez mais cansados. No entanto, a par com este cansaço, o estado de hiper-vigília também aumenta. Então, em vez de cedermos ao cansaço e por exemplo dormirmos melhor, o que acontece é que cada vez nos é mais difícil relaxar e dormir. A ansiedade gera ansiedade, que por sua vez aumenta o estado de vigília; a dificuldade ou impossibilidade em descansar aumenta o cansaço, a falta de concentração, o medo, a tensão, as dores no corpo, a preocupação; isto alimenta a ansiedade e por aí adiante. Estamos perante um efeito bola de neve, com repercussões imprevisíveis na nossa vida, a todos os níveis. 

Como nos livrarmos disto e voltar à vida normal? Procurando ajuda. Nestes casos, há mesmo que procurar ajuda profissional, afim de parar esta escalada e invertê-la. Em casos extremos, a terapia farmacológica é fundamental, conjugada com psicoterapia. Dormir e relaxar é uma prioridade, por isso os calmantes ou indutores do sono reduzem um dos maiores sofrimentos decorrentes do Transtorno da Ansiedade Generalizada. Muitas vezes existem outras perturbações mentais associadas como depressão, ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, etc., daí que a terapia seja imprescindível tratar também estes problemas. A psicoterapia vai ajudar-nos a lidar com tudo.
O melhor é parar esta bola de neve de crescer. Actuar quando ela ainda é pequenina, pelo que devemos estar atentos ao facto de ela se estar a desenvolver, e pará-la o mais rápido possível, não deixando arrastar porque depois torna-se muito mais difícil e demorada a recuperação. 


domingo, 21 de setembro de 2014

Sabe quando é altura de tomar um calmante?

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Resposta lógica à pergunta do título: quando estamos enervados, stressados ou ansiosos. Mas saberemos todos responder à pergunta: sabe quando está enervado, stressado ou ansioso? Esta resposta é mais difícil. Nem todos sabemos responder.

Estes estados manifestam-se de forma diferente de pessoa para pessoa e por vezes conforme a situação. Daí, não haver uma check-list de "sintomas" universalmente aceite que possamos picar afim de concluir se está na altura de tomar medidas para acalmar.
Eis alguns dos "sintomas" que nos levam a pensar que não estamos ansiosos nem stressados:

  • - "Sinto sono" - Nem sempre é um indicativo de que esteja calmo. A ansiedade elevada (ver post Tensão em demasia causa sono) causa sono;
  • - "O que eu tenho são dores de estômago, deve ser qualquer coisa que comi" - Atenção, uma das principais causas dos problemas gastrointestinais é o stress!;
  • - "Estou cansado/a porque tive muito trabalho" - Será?! Quantas vezes você não teve muito mais trabalho e se sentiu muito melhor?;
  • - "Sinto-me fraco/a porque não me tenho alimentado correctamente" - Se bem que a principal causa da fraqueza seja a insuficiente alimentação, por vezes o stress e ansiedade esgotam o corpo produzindo sintomas semelhantes;

Quando um estado ansioso é lento mas progressivo, às vezes nem nos apercebemos que estamos ansiosos. Aquele estado parece-nos normal, quase já nem nos lembramos de como nos sentíamos antes. Daí que muitas vezes não consigamos reconhecer o quanto mal estamos. O mesmo se passa com o stress. 

Conheça melhor o seu corpo. Interrompa a progressão de estados ansiosos e de stress antes que se tornem de tal forma graves que prejudiquem a sua vida e bem estar. Aprenda a reconhecer o momento em que deve tomar medidas para retornar à sua paz.

domingo, 9 de março de 2014

Aprender a viver - Os sentimentos também são aprendidos

*Imagem retirada do site http://elusapaz.blogspot.pt/
No lugar onde nasci, quando alguém morre, os familiares  vestiam-se de preto da cabeça aos pés, as mulheres punham um lenço na cabeça e um xaile de lã pelas costas (mesmo que estivéssemos no pico do verão), deixavam de pintar o cabelo e se usassem dentaduras postiças tiravam-nas. Se o falecido fosse o marido, isto durava toda a sua vida. Para além disto, deixavam de ir a festas, ouvir qualquer tipo de música, e até rir num convívio social. A vida praticamente acabava, quer se gostasse muito ou pouco da pessoa falecida.
Esta forma de comportamento, imposta pela tradição, educava para a tristeza, na medida em que, após a morte de alguém, era imperativo que também os vivos morressem para a vida, pois não lhes era permitido lutar contra isso. "Deverás sofrer", era o que implicitamente lhes era ensinado.
Quando cresci e me afastei daquele lugar, estes ensinamentos ficaram marcados no meu inconsciente. Perante um acontecimento triste, eu deveria ficar triste, ao invés de lutar para me sentir melhor. Ora isso teve como consequência que a depressão se instalasse, que me sentisse de certa forma "amarrada" àquele acontecimento para sempre, em vez de procurar uma solução que me devolva a alegria. Sempre que o instinto me levava a procurar essa tal solução, um sentimento de culpa apoderava-se de mim. Tudo isto se passava a nível inconsciente, eu nem me apercebia do que estava a acontecer. 
O ser humano é feliz por natureza. Força-lo, por força do que aprendemos, a ser triste, gera uma grande contradição dentro de nós, leva a uma luta interna que se traduz em depressões, ansiedade, angústia. É muito difícil cortar com tudo aquilo que aprendemos, por vezes durante toda a vida. Por vezes achamos que aquilo é que é certo e que todas as outras formas de comportamento estão erradas, o que torna a tarefa ainda mais difícil. Mas se não o fizermos, será muito complicado seguir o caminho da felicidade.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Medo das emoções positivas

O Homem é um animal de hábitos. E é bem verdade. Normalmente, quando pensamos nesta frase vêm-nos à memória comportamentos repetidos ao longo da vida. No entanto estes hábitos estendem-se também às emoções. 
Os hábitos caracterizam-nos, moldam a estrutura do nosso cérebro. Assim acontece com as emoções. Se repetidas ao longo do tempo, o cérebro familiariza-se com elas de tal forma que as considera normais. Normais, no sentido em que espera que ocorram, está preparado para que ocorram, e como tal aceita-as, não as rejeita. 
O que se passa é que por vezes ele só está habituado a emoções negativas, as positivas são raras e pouco intensas. Quando ocorrem, são uma novidade. Perante tal, não sabe como se comportar. Apesar de o consciente lhe dizer que são boas, não havendo registo com o qual as possa comparar, o que imediatamente se verifica é um aumento da ansiedade associada. Mesmo aquilo que é bom, como pode o cérebro avaliar se o é ou não, aquilo que desconhece e para o qual não tem base de comparação? Tem que se conhecer o que é bom para se querer experimentar o que é bom, caso contrário, é difícil acreditar que essa sensação existe, ainda mais quando o historial apenas apresenta um rol de coisas más.
O desconhecido causa medo, ansiedade. Estamos programados para evitar estas sensações. Aquilo que nos é dito pelo consciente que irá causar emoções positivas, é recebido pelo cérebro com desconfiança, despoletando uma série de emoções negativas. Por exemplo, se alguém está habituado a comer algo amargo, de que não gosta, e desconhece o sabor do açúcar, como se sentirá quando alguém lhe sugerir que um bolo é doce e que o doce provoca sensações agradáveis? Medo. Medo de não ser verdade e de ficar desapontado, medo de o doce não ser tão bom quanto aquilo que lhe dizem ser, medo de que a sua língua não goste do sabor doce. O mesmo acontece com as emoções. 
É por isso que muitas vezes vemos pessoas que enveredam por estilos de vida que repetidamente lhes trazem emoções negativas, rejeitando aquilo que as faria sentir melhor, pelo menos a avaliar pelos padrões da maioria das pessoas.  

domingo, 30 de junho de 2013

Consequências físicas das emoções negativas

Se é certo que nos preocupamos com a higiene do corpo, da casa, da roupa, a verdade é que raras são as vezes em que nos preocupamos que a higiene emocional. Tal como a sujidade é um factor negativo na higiene física, assim o são as emoções negativas no campo psicológico. Estas produzem experiências desagradáveis, sendo as mais importantes a ansiedade, a raiva e a tristeza, em oposição às positivas que desencadeiam experiências agradáveis, como a alegria e o amor por exemplo.
Vários estudos efectuados demonstram que as emoções positivas potenciam a saúde, enquanto as negativas a comprometem. Um dos exemplos mais conhecidos é a ansiedade, cujas consequências para a saúde são bem conhecidas, e vão desde problemas cardíacos e úlceras a doenças relacionadas com uma ineficácia do sistema imunitário, tal como a gripe, herpes ou diarreia. 
Na medida em que num estado de ansiedade os indivíduos prevêm subjectivamente consequências demasiado negativas  da situação ou objecto desencadeante, são mobilizados recursos tal como aqueles que serão necessários num caso objectivo.  A percepção, a memória, o pensamento, a linguagem, o sistema nervoso autónomo, o sistema motor, o hormonal, todos são chamados a permanecer em alerta, com vista a enfrentar tais consequências negativas, sendo apenas desmobilizados quando a ansiedade tiver diminuído. Apesar de a ansiedade ser uma emoção natural de carácter adaptativo, essencial à sobrevivência, torna-se maléfica quando se prolonga por muito tempo a níveis demasiados altos.
As emoções negativas têm influência sobre a saúde na medida em que exploram em demasia os recursos psiconeurofisiológicos, mas também porque influênciam a motivação do indivíduo, levando-o a modificar ou a permanecer em condutas comportamentais pouco saudáveis, tais como falta de exercício físico ou excesso dele, dieta desequilibrada, descanso inapropriado, abuso de substâncias tóxicas, entre outros.
Tomamos como exemplo um motor. Se o pusermos a trabalhar em altas rotações por muito tempo, sem o pararmos, começará a avariar muito mais cedo e com mais frequentemente do que outro igual que esteja a ser utilizado de forma menos intensa.
Os avanços na ciência têm permitido relacionar algumas doenças do forum neurológico e infeccioso à ansiedade, tais como esclerose múltipla e até tuberculose.
É claro que para que se desenvolva qualquer doença associada (despoletada ou agravada) pelas emoções negativas, é necessário que haja uma predisposição do indivíduo para tal (a fragilidade dos órgãos ou sistemas envolvidos por ex.) e há que ter em conta a reacção fisiológica ao estímulo emocional, bem como a avaliação subjectiva do factor stressante. Uma alta activação fisiológica mantida ao longo do tempo pode provocar alterações do sistema imunológico que tornam a pessoa mais vulnerável a doenças infecciosas e auto-imunes, independentemente de expressarem ou reprimirem as suas emoções negativas, pois o que importa é a intensidade estímulo fisiológico despoletado por aquela emoção que não é directamente proporcional à intensidade da mesma.
Perante uma emoção, o indivíduo terá uma reacção: fala, grita, chora, agride, isola-se, etc. Todavia, quando nada disso acontece, a "opção" inconsciente pode ser adoecer, ou seja, expressá-las-há através do sistema somático. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Memória, Ansiedade e Benzodiazepinas

As benzodiazepinas, descobertas nos anos 60, vieram substituir os barbitúricos, anteriormente utilizados como tranquilizantes. O fim para que são administradas - promover o relaxamento físico e mental e reduzir a actividade nervosa do cérebro - acaba por ser uma faca de dois gumes. Se por um lado limita o sofrimento do indivíduo ansioso, por outro lado contribui a longo prazo para a deterioração da sua memória. 
Sob os efeitos destes medicamentos, a diminuição da memória é um facto que até vem descrita nas bulas como efeito secundário, sendo portanto universalmente admitido. Mas segundo Belinda Nunes, o stress e a privação de sono também são responsáveis pela diminuição da memória. Estes "efeitos secundários" do dia a dia da nossa sociedade afectam cada vez mais pessoas em idade activa, remetendo para cada vez mais cedo na vida do indivíduo um mal que era suposto começar a apoquentá-lo apenas na sua velhice. 
Num estado ansioso, cujo efeito biológico se assemelha ao medo, o cérebro está em constante sentido de alerta. Não admira portanto, que releve para segundo plano actividades que não são necessárias - ou imediatamente necessárias - para essa finalidade. Não é importante lembrar da matéria das aulas a que assistimos ontem ou da data de aniversário de alguém, mas é importante lembrar aquilo que faz disparar a ansiedade, ainda que esse "lembrar" seja o ir buscar memórias ao inconsciente. Lá, mais ainda que aquilo de que conscientemente temos noção, temos arquivados, para a par, um estímulo e uma emoção. Ao ir buscar uma, o cérebro inevitavelmente traz outra atrás. Por isso, se o estímulo por exemplo for um som, imediatamente vamos lembrar a emoção que sentimos da última vez que experimentamos tal sensação. Se o som estiver associado a algo agradável, a emoção será positiva, sentiremos alegria, prazer; se pelo contrário estiver associado a algo desagradável, experimentamos uma sensação negativa, tristeza, raiva, medo, etc.. 
Não admira, face a isto, que a ansiedade nos faça perder a memória, ao concentrar-se nas emoções. Contudo, se pretendemos acalmar através do uso de tranquilizantes, o efeito na memória parece ser o mesmo, não necessariamente nas mesmas proporções. O melhor é mesmo pedir ajuda a remédios naturais, tais como ouvir música, ler um bom livro, receber uma massagem, praticar desporto, etc., comer alimentos saudáveis e dormir bem. Praticar um estilo de vida saudável é a melhor prevenção que existe. Mas caso lhe seja inevitável estar sob um estado ansioso ou tomar benzodiazepinas, lembre-se também de um provérbio muito antigo: o que não se usa, perde-se. Por isso, não se esqueça de ir exercitando a memória!

terça-feira, 12 de março de 2013

O Medo, a Ansiedade e o Perigo

Por mais estranho que pareça, é mais fácil controlar o medo que a ansiedade. Perante uma potencial ameaça de perigo, os sinais biológicos ligados ao medo fazem-se sentir de imediato, antes mesmo da consciencialização dessa mesma ameaça. Ao terminar a ameaça, o corpo volta ao normal, os sinais de perigo desaparecem. benéfico. 
Embora ansiedade e medo se confundam na prática, pois os sintomas físicos são basicamente os mesmos, a primeira tem consequências muito mais graves, pois vive não apenas do presente, mas sim do futuro. Ela é a consequência da imaginação da representação da ameaça de perigo no futuro, ou seja, surge quando o indivíduo projecta no futuro, através da imaginação, a situação que lhe causa medo, vivendo assim, por antecipação, os sintomas inerentes ao medo inato. O prolongamento desta emoção ou a sua repetição, pode trazer consequências nefastas a vida pessoal e social, na medida em que inibe a iniciativa, a criatividade e mantém o corpo num permanente estado de alarme.
Imaginar - e vivenciar - continuamente aquilo que nos causa medo, adensa o próprio medo, de tal forma que muitas vezes este se transforma em fobia, ou seja, medo patológico, que não tem nenhuma função protectora, antes pelo contrário, pois na maioria das vezes estas fobias transtornam a vivência do indivíduo. Sabe-se hoje que não existe apenas uma região do cérebro responsável por gerar e manter a ansiedade; sabe-se que o medo se origina através da colaboração entre muitas áreas do cérebro. No mapa do cérebro, os cientistas identificaram áreas mais activas em pessoas com ansiedade e ataques de pânico, e foi possível reproduzir estados ansiosos através da estimulação de algumas dessas áreas. Durante os momentos de medo e ansiedade a região do cérebro mais activa é a amígdala. Estimulada, os níveis de cortisol (responsável pelo stress) aumentam, desencadeando os sinais biológicos do medo. O hipotálamo controla o sistema hormonal  e influencia o sistema nervoso simpático, ou seja, juntos são responsáveis pela activação ou desactivação dos recursos usados perante uma ameaça de perigo (pois perante um medo intenso muitas vezes, ao contrário da acção, o indivíduo experimenta uma sensação de paralisação), daí se tornar o alvo predilecto das drogas psicotrópicas. 
As situações ligadas ao medo permanecem na memória e podem ser activadas inconscientemente. É o caso dos ataques de pânico, por ex. Quando o contexto do estímulo é importante, este registo é armazenado no hipotálamo (memória emocional). 
A gestão eficaz da imaginação parece ser uma boa forma de controlar a ansiedade, sendo muitas vezes esta dificuldade em geri-la a origem de muitas fobias. Sejam as suas causas biológicas ou ambientais, o certo é que a emoção de medo deve ser apenas presente, se o indivíduo a projectar no futuro, que seja para evitar uma situação potencialmente desastrosa, mas real, e restringida apenas à sua função protectora e preservadora da integridade do indivíduo.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/labirintos_do_medo.html

sábado, 24 de março de 2012

Portugal nú e cru - a espada do desemprego em cima das nossas cabeças

Mais do que parece, Portugal está um caos, principalmente a nível social e psicológico. De dia para dia se agravam as condições económicas das famílias, a violência e a insegurança quanto ao futuro. É quase impossível estabelecer um plano de vida com base em objectivos definidos, pois não sabemos se teremos emprego amanhã, se teremos leis absurdas que nos obriguem a desviar desse plano ou mesmo se o país não entrará em bancarrota. 
Perante esta realidade, só se pode dar ao luxo de ficar alheio quem tem muito dinheiro em bancos estrangeiros ou em offshores. No espaço de menos de uma década, a "classe média" vive nas mesmas condições e com as mesmas dificuldades da "classe baixa", mesmo quando não é atingida pelo desemprego: a precariedade no trabalho e sobretudo a chantagem dos empregadores sobre os empregados (efectivos ou potenciais), obriga-os a aceitar salários miseráveis, horas extra sem conta nem registo, muito menos remuneração, atitudes prepotentes e arrogantes e retaliações sempre que o empregado exigir os seus direitos, ou simplesmente manifestar a sua discordância em não os usufruir. 
Esta realidade escondida, com a espada do desemprego sob a cabeça, faz com que muitas pessoas vivam constantemente ansiosas e, perante a injustiça e falta de condições de vida, entrem em depressão. No entanto, mesmo que necessitem de ajuda, não podem ir ao médico: não têm dinheiro para as consultas ou elevadas taxas moderadoras e não podem faltar ao trabalho. Faltar, mesmo por doença, é encarado como um abuso, como se o empregado adoecesse propositadamente para prejudicar o patrão, mesmo quando não há dúvidas quanto à veracidade dessa doença. 
Assim, as idas ao médico só se efectuam em último remédio. Outro aspecto que tenho que abordar aqui é a prevenção: há situações em que os empregados são impedidos (ou controlados) de ir à casa de banho quando têm vontade de urinar, o que origina problemas no trato urinário; muitas vezes têm que trabalhar à hora de almoço, comendo qualquer coisa rápida enquanto teclam no computador, não comendo assim nem em ambiente saudável e relaxado, nem o tipo de comida que seria desejável. 
Nas empresas com poucos empregados, a situação é muito pior do que nas outras: há um controlo directo e permanente que causa ansiedade e tensão só por si. Para além disso, o simples falar nos factos que mencionei no parágrafo anterior dão direito a não renovação de contratos ou, o que acontece mais frequentemente, retaliações (humilhando-o, baixando-o de categoria, obrigando-o a fazer tarefas que nada têm a ver com a função para a qual foram contratados), com o objectivo de obrigar o empregado a ser ele a rescindir o contrato de trabalho, evitando assim os custos que as empresas teriam no caso inverso.
Todos sabem disto, ou porque o sentem na pele ou porque conhecem alguém a quem já aconteceu algo semelhante. Existem meios de defesa para eles, como recorrerem ao ACT (antiga inspecção do trabalho) ou ao sindicato (muitas empresas não admitem pessoas sindicalizadas!). Contudo, se o empregado já sofre retaliações por muito menos, imagine-se como conseguirá aguentar psicologicamente as consequências de uma inspecção do ACT! 
Em empresas com muitos empregados por vezes passa-se o mesmo, contudo é impossível controlar directamente tantas pessoas ao mesmo tempo e a situação é um pouco atenuada. Já quem tem o estado como empregador, pode exigir os seus direitos sem medo, fazer greves ou tomar outras atitudes sem ser imediatamente atingido.
Este cenário coloca os portugueses debaixo de fogo. Por um lado têm de "aceitar" a injustiça da fonte do seu ganha-pão, por outro têm que lidar com o facto de não estarem presentes para a família e verem-se confrontados por exemplo com a questão de quem vai buscar os filhos à escola ou quem os vai levar ao médico. Para além de tudo isto, a baixa do poder de compra faz com que sejam obrigados a baixar a qualidade de vida, muitas vezes para níveis abaixo da dignidade.
É possível não estar deprimido com tudo isto? É possível não estar angustiado quanto ao futuro? É possível ir trabalhar com motivação? É possível não se estar indignado com a forma como a classe política governou e está a governar este país, conduzindo-nos para um precipício e convidando-nos a emigrar? 
Pessoas não são objectos! Revolta-me a passividade com que os portugueses reagem a tudo isto. 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ansiedade é uma doença moderna?

Primeiro, não podemos dizer que a ansiedade é uma doença, é antes uma reacção instintiva natural. Contudo, transforma-se em doença se for exagerada quer na adequação à causa quer na sua duração.
O ser humano tem o seu timing para tudo: para dormir, comer, relaxar, fazer exercício, etc.. E é o corpo quem decide! Mas hoje em dia relegamos o corpo para segundo plano, exigimos que seja ele a adaptar-se ao que racionalmente decidimos. As responsabilidades, o emprego, os horários dos transportes e o omnipresente relógio impõem um ritmo artificial à nossa biologia. O que acontece é que o corpo não gosta! Ou melhor, não teve - nem terá, na sua breve existência - tempo para adaptar aos tempos modernos aquilo que a natureza levou milhares de anos a consolidar. Esta imposição é encarada de certa forma como uma ameaça, desencadeando naturalmente ansiedade; porém, o seu prolongamento transforma-a em patologia, a menos que consigamos dar ouvidos ao nosso corpo. 
Por esta razão, e atendendo ao acelerado ritmo dos tempos de agora em oposição aos de antigamente, muitas pessoas consideram a ansiedade uma doença dos tempos modernos. É claro que a ansiedade patológica sempre existiu, mas o número de casos não se compara e parecem continuar a aumentar exponencialmente.
Não somos super-pessoas, somos apenas pessoas. Convém não nos esquecermos disso.



terça-feira, 18 de outubro de 2011

Desmame - 2ª Semana

Esta semana tem sido estranha. Agora estou a fazer Cymbalta dia sim dois dias não. Não quero ser "rápida" demais, para não demorar ainda mais tempo.
A ansiedade subiu, bem como a taquicardia. A ansiedade anda de mãos dadas com um medo difuso, inexprimível... O véu que me mantinha numa zona de segurança em relação à realidade está a desaparecer. É tão mais evidente a falibilidade do corpo, a inevitabilidade do seu perecimento e a sua exposição ao sofrimento... 
Agora estou cada vez mais acordada. Acordar é doloroso, principalmente para quem não age, apenas deseja. Dentro do meu cérebro a confusão instala-se aos poucos. Não me consigo apoiar nem nas religião, nem na filosofia, nem na psicologia. Preciso de  uma tese minha que satisfaça os meus critérios de solidez. Começo a acreditar que o ser humano não é um ser nobre por natureza, antes de uma bondade volátil e uma tendência nativa para destruir e complicar, em nome do progresso e da sabedoria, da fé ou simplesmente da vontade. Qual é a natureza do ser humano? Qual é ao certo a minha própria natureza? Nós não temos um anjinho e um diabinho sentados em cada ombro, nós somos esse anjinho e esse diabinho: somos o melhor e simultâneamente o pior que a natureza concebeu.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Medo e ansiedade - principais diferenças

Se bem que correlacionados, e produzindo basicamente os mesmos sintomas perante um perigo real ou potencial, a ansiedade e o medo não são bem a mesma coisa. A principal diferença está na caracterização do perigo. Enquanto no medo ele é bem definido, já o não é no caso da ansiedade. A ameaça é algo difuso, sem contornos definidos, é mais "um sentimento de ameaça"; o medo por sua vez é uma emoção básica, uma resposta. Para se estar perante a ansiedade é necessário estar presente a imaginação. Sem ela este sentimento não existiria, pelo menos nunca atingiria os graus que se verificam no ser humano. 
É importante conhecer a distinção para melhor diagnosticar e tratar. Pensamento positivo, aumentar auto-confiança, poderão ajudar a diminuir a ansiedade; aprender a lutar contra o perigo que se anuncia pode ajudar a lidar com o medo. Diferentes abordagens, diferentes estratégias de acção.

domingo, 10 de julho de 2011

Ansiedade extrema - vivendo o futuro

A crise de ansiedade é uma experiência de terror extremo. O seu desencadeamento está ligado ao medo, desenvolvendo-se até ao seu máximo numa questão de pouquíssimos minutos, mas também se pode manifestar de forma espontânea (ataques de pânico). Os sintomas principais foram já referidos no post anterior.
Um aspecto extremamente importante a saber sobre o medo é que ele se refere sempre ao futuro. Não há medo no presente, ele é sempre antecipatório de algo ruim que poderá acontecer. Trata-se de representações mentais de potenciais acontecimentos aos quais se associam de imediato emoções intensas, muitas vezes até desajustadas. Estes pensamentos desencadeiam reacções físicas proporcionais, como se estivesse a acontecer naquele momento.
O pânico é o nível mais alto da ansiedade. Um artigo da Universidade de Londres publicado na revista "Science" revela que "durante um episódio de extrema ansiedade e pânico, a actividade do cérebro move.se do córtex pré-frontal para o periaquedutal, ou seja, da parte da frente para a parte do cérebro intermediário. Há um fluxo maior de sangue no sector do cérebro que está mais activo. A parte da frente do cérebro abriga a sua capacidade de raciocínio e tomada de decisão. Já o cérebro intermediário é onde se localizam os mecanismos de sobrevivência, como a luta ou fuga" (in http://www.sempanico.com/).
No auge da ansiedade ficam  bloqueadas as funções ligadas ao raciocínio, o que limita ainda mais a compreensão do que está acontecendo. Há uma desadequação de emoções em relação ao perigo real ou potencial, pois que este ainda não se verificou, trata-se de uma antecipação mental de um (possível) momento futuro. Parece contudo indissociável do ser humano o viver em função do futuro ou do passado e não do presente (atenção que daqui a um segundo é futuro, embora muito próximo, nunca é presente). A imaginação é o segundo factor que permite gerar ansiedade: ela não se verificaria se não "visualizassemos" em nossa mente o que achamos que seguramente irá acontecer, acrescentando-lhe a carga emocional correspondente.

Imaginar é sentir, antecipar é sofrer antes do tempo. Viver o presente com as emoções adequadas aos acontecimentos presentes pode ser um remédio para nos livrarmos dos ataques de pânico e ansiedade extrema.




sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ansiedade e conflito emocional subjacente

Nem sempre a ansiedade é uma resposta de carácter adaptativo. Quando não causado por um desiquilibrio hormonal (ex. hipertiroidismo) ou alguma anormalidade química, quando não se consegue identificar a causa primária, pode significar a consequência de um conflito interno. Designa-se conflito o estado psicológico decorrente da situação em que a pessoa é motivada, ao mesmo tempo, para dois comportamentos incompatíveis. É necessário pois fazer uma escolha, tomar uma decisão a favor de apenas um deles, o que não é fácil. Aqui, a razão não é grande ajuda, se se tratar de assuntos pessoais, onde a emoção desajusta a balança da objectividade. Sabe-se também de antemão que a frustração se seguirá ao bloqueio da satisfação do comportamento não escolhido.
Normalmente o que está em jogo é o que se deve em oposição ao que se quer. Quer sejam ditadas pela sociedade, pela religião, pela lei, pela moral ou pelos costumes, os valores que o indivíduo considera correctos e portanto deve seguir, são impostos do exterior; porém, o que ele "quer", "gosta" ou que efectivamente satisfaria as suas reais necessidades não são os mesmos. A obrigatoriedade e/ou emergência de uma escolha, associada ao medo do sofrimento causado pelo desvio dos valores aceites, e a frustração de um desejo insatisfeito, é fonte de ansiedade. Não há aqui uma tentativa de adaptação não conseguida, mas unicamente um stress patológico derivado da luta interior, muitas vezes inconsciente, entre a razão e o coração.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os vários tipos de ansiedade - Correlação com o medo

Apesar de muitas vezes enfiados no mesmo saco, os transtornos psicológicos ligados à ansiedade têm diferenças entre si, quer em termos de sintomas ou mesmo de tratamento. Assim, convém antes de mais perceber quais as principais diferenças.

  • Ataques de Pânico - São episódios de ansiedade extrema de curta duração, com sintomas físicos bem marcados, tais como taquicardia, falta de ar, síncope, tonturas, sudorese.
  • Fobias específicas - medos injustificados e exagerados de algo ou alguma situação em particular. As crises são desencadeadas pela presença do objecto ou situação ou pela sua previsão ou possibilidade de ocorrência.
  • Stress pós-traumático - ocorre na sequência de um acontecimento com uma carga emocional negativa muito intensa (ex. acidentes, guerras, etc). A pessoa vivencia essa situação vezes sem conta, é como se tratasse de uma fotografia impressa na memória factual e emocional que não desaparece com o tempo, como seria normal.
  • Ansiedade generalizada - os sintomas associados à ansiedade comum (não patológica ou normal) encontram-se exacerbados, prolongam-se por muito tempo e perturbam o normal funcionamento da vida do indivíduo, causando marcado sofrimento. O seu objecto é indefinido.


O que pretendo analisar aqui é a relação entre a ansiedade generalizada e o medo irracional. Este tipo de ansiedade parece evoluir de situações de stress intenso e pode ser desencadeado por algum acontecimento stressante, ao qual o indivíduo não se conseguiu adaptar. Há uma correlação mórbida entre os sintomas físicos e o evoluir do quadro. A insegurança típica dos estados ansiosos associada à persistência dos sintomas físicos leva ao desenvolvimento do medo. É certo que se suprimíssemos esta emoção não teríamos ansiedade. É importante verificar aqui a presença de uma outra emoção que é a angústia. Esta última intensifica o sofrimento psicológico. Cria-se portanto um efeito bola de neve, no qual ansiedade gera medo que gera angústia que gera novamente ansiedade e assim por diante. Não se sabe ao certo o que desencadeia o quê, apenas que é impossível dissociá-los.

sábado, 21 de novembro de 2009

Stress e Distress


Hans Selye (1936) definia o stress como “Qualquer adaptação requerida à pessoa, isto é, reacção não específica a qualquer exigência de adaptação”.

O stress é fundamental para a nossa sobrevivência. Em pequenas quantidades é positivo, pois permite-nos mantermo-nos interessados pela vida e enfrentarmos desafios. Contudo em quantidades elevadas diminui as capacidades normais do indivíduo e tensão associada

apresenta-se a níveis demasiado desconfortáveis. Quase toda a gente já ouviu falar de stress. Ele faz parte do nosso dia-a-dia e quem não o sentiu já de vez em quando?

A forma como se fala do stress nas sociedades modernas ocidentais, faz pressupor que se trata de algo recente, mas é algo com o qual convivemos desde o tempo em que vivíamos nas árvores. O psiquiatra João Vasconcelos Vilas-Boas afirma que “o stress é sempre uma resposta emocional a uma situação de risco, resposta essa que pode ser adequada ou desadequada”. O mesmo psiquiatra refere ainda que o stress “não é uma doença mas um sintoma ou conjunto de sintomas”.

O que se está a passar hoje em dia na nossa sociedade é que estamos rodeados de “indutores” de stress, estamos a acelerar as nossas vidas de forma a responder às exigências externas, mas também internas, pois muitas vezes impomos metas e objectivos a nós próprios demasiado severos.

O stress afecta a percepção, o sistema nervoso, o equilíbrio hormonal, o sistema cardiovascular, o

sistema digestivo e o respiratório, o trato urogenital e o sistema imunológico. Aquele normalmente designado como "mau" é o chamado "distress" que aparece quando o organismo não sabe adaptar-se a uma nova situação e responde de forma desmesurada ao estímulo que essa situação provoca. Neste caso o indivíduo fica incapaz de pensar e de se concentrar e mesmo quando o estímulo acaba o corpo não sabe como voltar ao estado normal. (Departamento de Engenharia Informática Universidade de Coimbra, Stress Comunicação Técnica Profissional, Luis Fernando Lopes).

O stress não surge de um momento para o outro. Existem três fases:

- Fase se alarme, em que, perante uma nova situação que se impõe ao indivíduo O cerebro recebe e analisa os estimulos que lhe chegam dos sentidos e compara com a informação que já

tem armazenada. Se julga não ter os recursos suficientes para lhe fazer face, envia um sinal de alarme que vai libertar hormonas como a adrenalina e o cortisol, que faz aumentar o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, os músculos ficam tensos, etc, tentando preparar o corpo para o perigo eminente;

- Fase de resistência, em que o organismo tenta a recuperação do organismo após o dequilíbrio inicial, consumindo desta forma mais energia, o que pode originar cansaço excessivo;

- Fase de esgotamento, ou seja, quando a resistência do corpo se esgota, quando o cansaço nos derrota. Aqui o stress passa a distress, ou seja, mau stress, que tem consequências nefastas para o organismo.

O distress provoca problemas a nível físico e psíquico. Pode provocar palpitações, desiquilíbrios hormonais, tensão muscular, tensão arterial alta, inquietação, dificuldades em pensar e tomar decisões, insónias, perda de concentração entre outras. Uma situação de stress mantida por muito tempo pode levar à morte e, segundo uma investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington pode provocar perda de neurónios. Contudo, relativamente a esta última questão o médico português Nuno Sousa provou no seu doutoramento que o stress crónico não conduz à morte dos neurónios, mas que o hipocampo apenas fica atofiado porque diminuem as sinapses (a comunicação entre os neurónios), conduzindo à reversibilidade da situação.

Sntomas de distress são vários, desde a tensão muscular, à pulsação elevada, a diarreias e indigestões, falta de desejo sexual, dificuldades em conciliar o sono. Variam de pessoa para pessoa.

Existem formas de aliviar o stress: fazer exercício físico, planear o dia-a-dia, ingerir comida mais saudável, tirar um tempo para si próprio, tentar dormir pelo menos oito horas, etc. Já agora uma boa notícia para os amantes de chocolate: comer perto de 30 gr de chocolate preto por dia reduz o nível de hormonas de stress!

O sress crónico, além do mal estar que provoca, pode evoluir para quadros trasntorno de ansiedade generalizada, depressão, ataques de pânico e levar a um aumento do risco de contrair infecções devido à quebra no sistema imunitario. Convém consultar um terapeuta nos casos mais graves.

Vale a pena ler o artigo pulbicado em http://www.fchampalimaud.org/images/uploads/Publico_July31_2009.pdf sobre stress e rotina.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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